/home/t70ovncn1rk9/public_html/wp-content/themes/incluir/assets/interactives/autismo-abordagens

Você conhece as principais abordagens terapêuticas para o autismo? Clique para descobrir detalhes.

  • Abordagens comportamentais

    Buscam compreender e melhorar habilidades sociais, de comunicação, acadêmicas e de vida diária, e reduzir comportamentos considerados inadequados.

  • Abordagens
    psicológicas

    Objetivam lidar com pensamentos, sentimentos e comportamentos ligados ao autismo, com foco no próprio sujeito e nas relações intersubjetivas.

  • Abordagens educacionais

    Desenvolvidas em sala de aula, fornecem aos professores maneiras de ajustar a estrutura da sala de aula e melhorar os resultados acadêmicos e relacionais.

  • Tratamentos complementares

    Podem incluir fonoaudiologia, psicopedagogia, fisioterapia, terapias com animais, com arte, etc. Buscam apoiar o desenvolvimento em diferentes perspectivas.

  • Treinamento de habilidades sociais

    Buscam melhorar a capacidade de interagir socialmente na vida cotidiana, ensinando a reconhecer e interpretar expressões faciais, linguagem corporal, etc.

  • Terapia ocupacional

    Ensina habilidades que ajudam a pessoa a viver da forma mais independente possível.

  • Abordagem farmacológica

    Utiliza medicamentos para controlar sintomas específicos associados.

Abordagens terapêuticas: possibilidades e escolhas 

Cláudia A. Bisol e Carla B. Valentini

Uma criança, um adolescente ou um adulto recebe o diagnóstico de autismo. E então? Partindo do pressuposto de que o diagnóstico esteja correto, as famílias têm diante de si outros desafios: garantir suporte e tratamentos adequados à singularidade de cada caso, ter acesso a profissionais com formação sólida e dispor dos recursos necessários em termos de acessibilidade, tecnologias assistivas e adequações para os contextos escolares, de trabalho, de vida diária, etc. A questão passa a ser como lidar com os desafios e como auxiliar cada criança, adolescente ou adulto autista a desenvolver seu potencial.

As propostas de cuidado, tratamento, educação e reabilitação são muitas. Há disputas grandes entre especialistas, familiares, ativistas, legisladores e o mercado da área da saúde. Há aqueles que advogam por um tipo apenas de intervenção e há os que reconhecem a complexidade do diagnóstico, do tratamento e a singularidade das vivências que o autismo traz para cada sujeito e para cada família.

Em termos de abordagens terapêuticas, a diversidade é grande. A seguir, apresentamos uma síntese de algumas das principais propostas (Qin et al, 2024; CDC, U.S. [s.d]): 

  •  Abordagens comportamentais: concentram-se em mudanças de comportamento. O método ABA é um dos mais conhecidos, trabalha para compreender e melhorar comportamentos específicos, especialmente as habilidades sociais, de comunicação, acadêmicas e de vida diária, ao mesmo tempo que reduz comportamentos inadequados. Aplica sistematicamente estratégias de reforço que incentivam e recompensam os comportamentos desejados.
  • Abordagens psicológicas: podem ajudar as pessoas com TEA e seus familiares a lidar com pensamentos, sentimentos e comportamentos ligados ao autismo, com foco no próprio sujeito e nas relações intersubjetivas. Podem ser utilizadas abordagens comportamentais, cognitivo-comportamentais, terapia do esquema, psicoterapia psicodinâmica, psicanálise, entre outras. As concepções teóricas e as propostas de intervenção variam muito e são influenciadas por questões culturais e de formação dos profissionais da área.
  • Abordagens educacionais: são ministradas em sala de aula. Um tipo de abordagem educacional é o Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits Relacionados com a Comunicação (conhecido pela sigla em inglês, “TEACCH”). Fornece aos professores maneiras de ajustar a estrutura da sala de aula e melhorar os resultados acadêmicos e relacionais. Por exemplo, as rotinas diárias podem ser escritas ou desenhadas e colocadas à vista e as instruções verbais podem ser complementadas com instruções visuais ou demonstrações físicas.
  • Tratamentos complementares: são frequentemente usados ​​para complementar abordagens mais tradicionais. Podem incluir fonoaudiologia, psicopedagogia, fisioterapia, quiropraxia, terapia animal (ecoterapia, por exemplo), terapia artística (teatro, música, pintura, etc.), terapias de relaxamento, dietas especiais, entre outras propostas.
  •  Treinamento de habilidades sociais: são intervenções projetadas para melhorar a capacidade de interagir socialmente na vida cotidiana. Ensinam a reconhecer e interpretar expressões faciais, linguagem corporal e demais habilidades necessárias para compreender sinais sociais, construir relacionamentos positivos, compreender e lidar com emoções e resolver conflitos. Geralmente incluem atividades instrucionais estruturadas, como dramatização, histórias sociais, exercícios interativos em grupo e modelagem de pares.
  •  Terapia ocupacional: ensina habilidades que ajudam a pessoa a viver da forma mais independente possível. As habilidades podem incluir vestir-se, comer, tomar banho e relacionar-se com as pessoas. Pode incluir terapia de integração sensorial para aprimorar respostas a estímulos sensoriais e pode ajudar a melhorar as habilidades físicas.
  •  Abordagem farmacológica: embora não haja cura para o autismo, certos medicamentos podem ser usados ​​para controlar sintomas específicos associados, tais como a dificuldade de foco, comportamentos auto lesivos, ansiedade, alterações de humor, etc. A medicação é frequentemente usada como parte de um programa de intervenção abrangente projetado para melhorar a qualidade de vida.

É importante lembrar que cada tipo de abordagem ainda terá, em seu campo próprio, diferentes vieses teóricos, objetivos terapêuticos e métodos de trabalho. 

A questão é complexa, há embates políticos, econômicos e teóricos profundos que podem levar a opiniões muito divergentes. A falta de conhecimento também favorece a adesão a modismos. Como navegar por este universo de possibilidades sem esquecer o que mais importa, que é o sujeito?

É compreensível que as famílias, os educadores e até mesmo os especialistas possam se sentir por vezes perdidos diante de tantas informações e de tantas divergências no modo de compreender, diagnosticar e propor alternativas para tratamentos. 

Há algo, no entanto, que não pode ser colocado em segundo plano: o próprio sujeito. Quem é esta criança, este adolescente, este adulto? Do que gosta? O que o faz se sentir bem? Do que sente falta? O que precisa para se sentir melhor e para estar nos lugares aproveitando o máximo que sua experiência, enquanto sujeito no mundo, pode lhe oferecer?

A tarefa que cabe a cada um de nós é conhecer e diminuir (se possível, remover) as barreiras arquitetônicas, atitudinais e comunicacionais que dificultam ou impedem a pessoa de viver, aprender e conviver do seu jeito, a partir de seus desejos e das suas possibilidades.

Bibliografia
CDC, U.S. Centers for Disease Control and Prevention. Disponível em: https://www.cdc.gov/autism/treatment/index.html.
QIN, L.; WANG, H.; NING, W.; CUI, M.; WANG, Q. New advances in the diagnosis and treatment of autism spectrum disorders. European Journal of Medical Research, v. 29, n. 322. p. 1-11, 2024.

Para citar este texto
Bisol, C. A. & Valentini, C. B. Abordagens terapêuticas: possibilidades e escolhas. Projeto Incluir – UCS/FAPERGS/CNPq, 2024. Disponível em: <https://proincluir.org/autismo/abordagens/18-2-2025